15 de outubro de 2014

A Jessica Athayde é balofa



Eu não queria falar disto, até porque já toda a gente falou ontem e já toda a gente deve ter lido. Por um lado ainda bem, que assim ficam com a certeza que este é o melhor texto sobre o assunto. Sou uma pessoa muito humilde. Para os menos atentos a assuntos fracturantes da nossa sociedade, o que aconteceu foi simples: A Jessica Athayde desfilou no ModaLisboa, de bikini, foram chamar-lhe gorda nos comentários de uma foto, a dizer que ela precisava de comer menos hidratos. Ela foi para o blogue dela dar-lhes resposta e gerou-se o pandemónio das redes sociais.

O que eu tenho a dizer sobre o caso? Primeiro que tudo, acalmem-se lá com as coisas da igualdade e feminismo que os comentários a chamar-lhe gorda não têm nada que ver com discriminação nem objectificação do corpo da mulher. Esses comentários são apenas e só inveja. Mulheres invejosas, ou por serem balofas, que escreveram ofensas enquanto comiam um donut com pepitas de bacon e recheio de banha de porco com aroma a morango, ou de mulheres até bem feitas, mas invejosas por não serem famosas. 


Mulher invejosa é um bicho mais venenoso que uma cascavel radioactiva que usa uma medusa como peruca 

Estou a falar apenas de mulheres porque é óbvio que não foram homens a criticar, principalmente porque os homens que apreciam o físico de mulheres não acompanham o ModaLisboa. Os poucos que o fazem vêem-no com as calças nos tornozelos e, já se sabe, que bater tecla com a mão esquerda não dá jeito para escrever comentários ofensivos.

Posto isto a pergunta que se impõe: a Jessica Athayde é gorda? Depende. Se compararmos com uma criança etíope, ou uma modelo anorética de 30 quilogramas e 1,80 de altura, nesse caso a Jessica pode até já estar no espectro da obesidade mórbida. Mas esse padrão é parvo. Eu não conheço um homem que goste delas magras como a maioria das modelos de passerelle, e não estou a falar da casa de meninas que há para os lados do Campo Pequeno. Mas quem é que quer um molho de ossos que para se ir para a cama parece que se está a jogar ao Mikado? Uma mulher que quando está vento, para além de termos que lhes emprestar o casaco por causa do frio, temos que as agarrar bem para não voarem, quais papagaios coloridos a contrastar no céu azul? Agora veio-me à cabeça a imagem de alguém ter um papagaio que é mesmo uma mulher muito magra e, cujo fio por onde se segura, é o do tampão. Sim, sou nojento eu sei. Portanto, voltando ao termo de comparação, essa magreza extrema, doente mesmo, não me parece ser uma boa bitola de medição de gordura. Olhando para a média das mulheres portuguesas, a Jessica é até bastante magra, ainda mais se nos lembrarmos que parecemos sempre mais gordos nas fotografias e filmagens. Se formos ver o seu índice de massa corporal e massa gorda, estará certamente na média, ou até abaixo dos limites considerados normais. É jeitosa? Não posso responder a essa pergunta sob pena de represálias, o que por si só já diz qual é a resposta que eu hipoteticamente daria a essa pergunta, não fossem essas restrições pessoais. É extremamente jeitosa? Por favor, não entremos em terrenos perigosos, é uma pergunta à qual nem vou ponderar responder.

Chegámos então à conclusão que ela não é gorda. Posto isto tudo, a Jessica esteve bem com resposta que foi dar no blogue? Mais ou menos. Por um lado escreveu bem, meteu uns argumentos giros sobre igualdade e cyberbullying, armou-se em Emma Watson portuguesa e deu uma chapada virtual a muito comentador online. Foi também inteligente na publicidade gratuita que lhe deve ter dado este caso. Não estou a criticar, eu faria o mesmo, é chamarem-me gordo que eu vou aproveitar todas as oportunidades para promover o blogue. Agora, por outro lado podia ter estado quieta. Porquê? Porque dar importância a trolls da internet é parvo, especialmente quando se é uma figura pública como ela. Ela não é gorda e sabe que não é gorda, até se deve achar bastante gostosa, caso contrário não iria desfilar em bikini. Portanto, tudo isto acaba por soar um bocadinho a falso, remetendo uma vez mais para a estratégia de marketing. Por último, e posso estar a ser injusto, não pensei muito no caso, mas aqui vai. 


Alguém que pousa em revistas e desfila semi nua está a contribuir, quer queira, quer não, para a objectificação do corpo da mulher e para que, a maioria dos homens olhe para elas como o Zé Manel aqui do restaurante da praceta olha para os bifes que, segundo ele, são sempre excelentes e softs

Já para não falar no facto de compactuar com a palhaçada que as revistas fazem que é encher as mulheres de photoshop e torná-las bonecas perfeitas, quase que nos fazendo ver defeitos onde nunca iríamos ver. Como diz um amigo meu "Celulite é um buraquinho no meio das nádegas?! Isso para mim é cu e eu sempre adorei".

Parece que estou a criticar e a dizer que ela apenas se aproveitou para se auto promover mas não é bem isso que quero dizer. Quem esteve mal não foi ela, foi quem a foi chamar gorda, não por estarem errados, mas porque chamar gordo a alguém é de quem é parvo e não merecia sequer resposta. Ela ter dado resposta não lhe tirou razão, só a expôs ao facto de ser irónico que a existência da objectificação do corpo da mulher a que ela se opõe, ser o que mais lhe dá trabalho. Não estou a dizer que ela é má actriz, até podia ser uma Meryl Strip, mas convenhamos que se não tivesse uma cara bonita e um corpo torneado, na sociedade fútil que temos, provavelmente não lhe teria sido dada a oportunidade de aparecer na televisão. A meu ver, a resposta tinha sido muito melhor se ela tivesse dito "Sou gorda? Então pergunta lá ao teu namorado se ele não lambuzava toda! Sua badalhoca, nojenta, invejosa e com falta de pila. Beijinho no ombro. Puta.". Isto sim, era uma resposta com classe, que não lhe expunha os telhados de vidro e muito mais eloquente. E em termos de marketing garanto-vos que também seria melhor, eu pelo menos ficava fã dela. Isto é tudo uma pescadinha de rabo na boca para a qual todos contribuímos, mesmo sem concordarmos. É a viding... Os mesmos que andaram a enaltecer a resposta da Jessica, defendendo as mulheres com unhas e dentes e a dar-lhe salvas de palmas pelo seu texto contra a objectificação do corpo feminino, são os mesmos que andaram a ver e pior, partilhar, as fotografias das celebridades nuas. Não digo que não as tenha visto, mas ao menos não sou moralista, sou só parvo. 

Moral da história? Eu sou muito parecido com a Jessica Athayde. Porquê? Porque também gosto de responder aos atrasados mentais que comentam com alarvidades e porque aproveitei o momento para escrever um texto que poderá dar alguns views ao meu blogue. No entanto há uma diferença. Qual? Eu tenho realmente pneu, não me impede de ver as minhas pindurezas, mas bem que já se deve qualificar para um patrocínio da Michelin.

PS: Era giro era tudo isto ser uma estratégia de marketing guerrilha de uma empresa concorrente aos sumos detox aos quais a Jessica faz publicidade. O slogan dessa empresa rival podia ser "Com os nossos sumos não vai engordar, só fica com a barriga da Jessica, se sem preservativo com ele levar".




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